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Girinos de anuros


Girinos de Anuros da Mata Atlântica, da Amazônia, do Pantanal, do Cerrado e de Zonas de Transição: Caracterização Morfológica, Distribuição Espacial e Padrões de Diversidade:
 

RESUMO E OBJETIVO GERAL

Os anfíbios  constituem  um  grupo  em  declínio  mundial  e  o Brasil é o detentor da maior riqueza total e de espécies endêmicas nos  Neotrópicos.  A  dificuldade para identificação  dos  girinos  é  o principal  obstáculo  em  inventários  de  anuros  e  para  o  desenvolvimento de programas de conservação e manejo, além de limitar  o  avanço  necessário  em  pesquisas  ecológicas experimentais. 

                Nosso objetivo geral é promover  um  expressivo  avanço  no  conhecimento da  diversidade  e  ecologia  de  girinos, bem como fundamentar estudos em sistemática de anuros brasileiros, por meio da construção de uma  base de dados  aberta,  com amplitude e alcance  ainda  inéditos  no  país,  agregando  todo  o conhecimento  atual  sobre  morfologia  e ecologia  de girinos  de quatro  biomas  diferentes  (Mata Atlântica,  Mata  Amazônica, Cerrado e  Pantanal), além dos Campos de Altitude  e  zonas  de  transição  no  Nordeste  brasileiro (Amazônia-Cerrado; Cerrado-Restinga; Cerrado-Caatinga; Caatinga-Mata Atlântica).

                A rede proposta integra Instituições e pesquisadores  de 14  Instituições de 10 Estados  (UNESP,  UFMA,  UFG,  UFMS, UFAM, UESC, UFBA, UEFS, UFC, UNIFESP, UFAC, UFPR, UFRJ/Museu Nacional, UFMG),  seis situadas nas regiões brasileiras com maior deficiência de dados de biodiversidade  e  de  formação  de  recursos  humanos  qualificados.

                A cobertura geográfica e  o  escopo  teórico  em  ecologia  de  girinos possibilitados por este projeto são  inéditos no  país e a proposta  representa  um  grande  passo para implantar um plano de conservação dos anfíbios brasileiros e para a compreensão dos efeitos das alterações ambientais na sua diversidade. 

                Além disso, serão  integrados os  Programas  de  Pós-graduação  e  Graduação  das  Instituições  participantes,  formando recursos humanos  em  todos  os níveis  acadêmicos  e, por  meio  de ações  de  divulgação  científica,  será  alcançado  o  público  não acadêmico.

                A ampliação do conhecimento sobre  diversidade  de  girinos decorrerá da construção e integração de um banco de dados sobre: (1)  morfologia  -  caracterização  da  maior  parte  das  espécies  com girinos  conhecidos  da  Mata  Atlântica,  incluindo  Floresta  Ombrófila Mista  e  Floresta  Estacional  Semidecidual,  Pantanal,  Cerrado  e Floresta  Amazônica  Central  e  Oriental e  Campos de Altitude,  (2)  distribuição  espacial  - mapeamento  da  distribuição  das  espécies,  (3)  diversidade  - padrões de diversidade, uso de hábitat e co-ocorrência de espécies e (4) ecologia e evolução  - componentes filogenéticos e ecológicos na  morfologia  externa  de  girinos  e  na  constituição  das  guildas ecomorfológicas.

 

 

PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES CIENTÍFICAS

                A construção de uma sólida e ampla  base de  dados, com caracterização  morfológica  e imagens de girinos de anuros  de diferentes  biomas  brasileiros, ainda  inédita  no  país  para  esse grupo  taxonômico,  irá facilitar  a  identificação  das espécies  e,  acreditamos,  estimulará o estudo com girinos no  Brasil. 

                A princípio, este  projeto  será  uma  contribuição importante  para  o inventário e levantamento da anurofauna de quatro biomas, dois deles (Cerrado e Mata Atlântica) considerados como hotspots de diversidade (Myers et al. 2000), e ameaçados por desmatamento decorrente  de  pressão  agropastoril  e  expansão  urbana  (IPT  2000,  Fearnside  2001,  Klink  &  Machado 2005, Harris et al. 2006, Junk et al. 2006, Lima et al. 2006).      O mapeamento de lacunas geográficas também será um importante subsídio para orientar futuros projetos de pesquisa. Além  disso,  as  principais  contribuições  científicas  desta  proposta  abrangem  avanços  em diferentes linhas/abordagens:

 

(1) Ecologia: preenchimento de  lacunas de conhecimento, como informações sobre tipo e uso de hábitat  (tamanho,  duração,  velocidade  e  tipo  de  vegetação)  de  muitas  espécies,  e  padrões  de co-ocorrência e de diversidade, incluindo a relação da diversidade  com variáveis explicativas potenciais  e  uma  base  de  dados  que  contribuirá  para  a  capacidade  preditiva  de  respostas  às mudanças de uso e cobertura da terra.

 

(2)  Evolução:  a  relação  da  morfologia  dos  girinos  de  anuros  com  a  seleção  de  hábitat,  de microhábitat  e  com  a  alimentação  versus  influência  histórica,  via  linhagens  evolutivas

permanece  pouco  explorada. 

 

(3)  Taxonomia:  preenchimento  de  lacunas  no  conhecimento  taxonômico,  com  a  descrição morfológica da fase larval de diferentes espécies.

 

(4)  Padrões  macroespaciais:  a  distribuição  espacial  dos  girinos  pode  ser  determinada  por  fatores estocásticos, que afetam a capacidade de dispersão dos adultos (comunidades neutras, Hubbell 2001)  ou  pode  ser  determinada  pela  soma  das  interações  interespecíficas  na  comunidade (teoria de nicho, e.g., Tilman 1982, Chesson 2000, Mouquet & Loreau 2002, Kneitel & Chase 2004).  Apesar  de  algumas  tentativas  para  a  unificação  destas  teorias  (Tilman  2004),  as generalizações resultantes são concorrentes, e apresentam questões de interesse não só para a teoria ecológica geral, mas também para questões de conservação. O pool regional de espécies determina  a  composição  de  espécies  em  comunidades  locais?  Existem  espécies  em  uma determinada  comunidade  local,  responsáveis  por  regular  a  riqueza  desta  comunidade?  São processos  regionais  ou  locais  que  determinam  a  riqueza  de  espécies? 

 

                Adicionalmente,  os  resultados  obtidos  poderão  fundamentar  políticas  públicas  de conservação.  Um  dos  maiores  riscos  à  diversidade  brasileira  de  anfíbios,  que é a  maior  do  mundo (SBH 2010), é a modificação da paisagem com o desmatamento e fragmentação, que provoca o  efeito  de  habitat  split  (Becker  et  al.  2007).  O  habitat  split  afeta  especialmente  as  espécies que  apresentam  fase  larvária,  o  que  corresponde  a  três  quartos  das  espécies  de  anuros  do nosso  país.  Em  função  disto,  a  priorização  das  áreas  para  conservação  deve  levar  em consideração características da paisagem que são imprescindíveis para o ciclo de reprodução das  espécies  de  anuros.  Assim,  esperarmos  gerar  informações  que  permitam:  (i)  modelar  a distribuição  dos  ambientes  utilizados  para  reprodução  ao  invés  das  espécies  em  si,  e  (ii) predizer a riqueza de anfíbios em função da distribuição estimada de sítios de reprodução.

 

 

METODOLOGIA CENTRAL PADRONIZADA

                Os dados de caracterização espacial (habitat e geográfica) e morfologia dos girinos em todos os biomas e formações vegetais a serem amostrados, serão obtidos e tratados de forma padronizada. Para isso, foram estabelecidas cinco matrizes que definem e estabelecem  todas as variáveis a serem obtidas: MAM – matriz de atributos morfológicos, MDM- matriz de dimensões morfométricas, MH – matriz de uso de hábitat, MD- matriz de distribuição espacial MF – matriz de dissimilaridade filogenética. Essas matrizes serão a base de dados para todas as análises previstas no projeto.




Coordenador: Denise de Cerqueira Rossa-Feres (UNESP, São José do Rio Preto)


Sub-Coordenadores: Fausto Nomura (UFG)
 Franco Leandro de Souza (UFMS)
 Gilda Vasconcelos de Andrade (UFMA)
 Marcelo Menin (UFAM)

Duração: 2010-2013

Financiador: CNPq, Capes e FAPESP

 

Principais resultados


Equipe


 

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